Alma Das Coisas

sábado, outubro 21, 2006

Um Dia...

Depois de ter aquela conversa sobre com o grupo sobre liberdade, valores e responsabilidade, Andreia começou a pensar que as coisas na sua vida não podiam continuar como estavam, sentiu-se demasiado fraca para decidir o que iria fazer pois o cansaço já lhe pedia um sono profundo. A sua vontade era de esquecer os dias anteriores, apagar e fugir dos problemas da sua vida, afinal era isso que sempre fizera.
Acordou no dia seguinte com a esperança que tudo se tivesse evaporado mas o primeiro pensamento foi para alguém que não conseguia esquecer, alguém que talvez pensava que amava, mas que nem mais tarde conseguiria ter a certeza disso.
A manhã foi atarefada no trabalho, tanta gente para atender que já não dava conta do recado, toda a gente contava com ela, tinha um medo enorme de errar mas nunca deixava transparecer nada, o importante era ter a cabeça ocupada para deixar de pensar na vida.
Na semana anterior tinha sido convidada para almoçar por João Luís, decidiu aceitar o convite porque não sabia dar uma resposta negativa a ninguém, era um dos seus grandes defeitos pensava ela, tantas e tantas vezes magoada por não saber dizer a palavra não. O certo é que ele não fazia o seu género e muito menos lhe despertava o interesse. Estava a espera do homem que a compreende-se que a agarra-se nos braços e não a deixa-se fugir, precisava de ser amada sem porquês, nem perguntas e muito menos julgamentos em relações a todas as atitudes que tomava.
Á hora combinada estava a espera dele mas apetecia-lhe fugir, ir nadar para esquecer a raiva, a tristeza e a fúria acumulada, a água era a sua melhor companheira para o melhor e para o pior. Então vinda dos seus pensamentos olhou em frente e viu-o, então aquela vontade duplicou mas tinha de mostrar simpatia. Por mais que aquele almoço lhe parecesse uma forma de a conquistar, a pessoa de quem gostava não lhe saia da cabeça e tentou-se escapar o máximo possível, afinal tinha a desculpa perfeita, tinha de voltar ao trabalho. No fim do almoço pensou que finalmente tinha acabado, tratou logo de dizer que o trabalho era muito e que não tinha tempo, pois o fim da conversa já estava a ser levada para um novo convite.
Quando chegou ao trabalho foi avisada que o chefe a tinha convocado para uma reunião urgente. Com muita surpresa e algum receio bateu à porta do gabinete e entrou. Senhor José Pacheco, o chefe recém promovido que achava que por ser mais velho tinha o seu estatuto garantido e que podia manipular, rebaixar e fazer das pessoas o que lhe apetecia.
Foi lhe dito que teria de trabalhar mais horas e deixar a pediatria porque era precisa no trabalho administrativo. A notícia caiu como uma bomba dentro de si, não podia ser verdade, estava a ser proibida de fazer o que mais gostava, trabalhar com crianças mas não conseguia dizer uma palavra, decidiu acatar a ordem e fugir mais uma vez ao problema como tudo na sua vida. Para Andreia mais valia ficar calada do que resolver o problema de vez, fazer-lhe frente nem que isso lhe custasse o emprego. Tinha agido como uma fraca, voltado costas ao que defendia e aos seus interesses.
Quando voltou para casa tirou as chaves a mala, abriu a porta e fechou a atrás de si com a maior raiva do mundo, deitou-se no sofá e ficou ali a chorar compulsivamente e sem conseguir parar por tudo que não conseguiu dizer, fazer ou agir. Acabou por adormecer na esperança de que tudo aquilo passasse.

Escrito por Isa :: 20:44 :: 1 Pensamentos:

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